Corpo de Mulher ( Eros )
Vieste como quem chega, nos braços da madrugada
Trazias feno nos versos que me dissestes calada
Trazias lendas e lumes, trazias sóis por nascer
Uma folha de alvedrio num corpo de mulher.
Rio secreto e profundo, correndo dentro do espanto
Trazias contigo o manto, com que cobriste o mundo
Foste corpo imaculado nos quatro cantos do cio
Fogueira acesa no frio do meu amor desarmado
Amor, amor
Chorar por ti será cantar
Amor, amor
Corpo de trigo e de luar
Amor, amor
Morrer por ti será nascer
Amor, amor
Corpo inventado de mulher
E foi tão bom possuir-te, deitado no pensamento
Como se fosses incenso, lançado ao sabor do vento
Oh meu amor nunca venhas, tão minha sem avisar
Quero esperar-te num leito, feito de linho e de luar.
Quero que sejas um nardo, boca fechada num grito
Que nos transporta a manha, nas léguas do infinito
Quero que sejas profunda, fêmea, raiz e vulcão
A asa, saudade e ciúme na palma da minha mão.
posted by Eros
Sem comentários:
Enviar um comentário