Nova Era
Nova Era
Meu coração está aberto e os sinos anunciam uma nova era
venha e dar-te-ei o meu espírito
um leito nos espera
à luz das estrelas tímidas
tomaremos do prazer
e não cessaremos de nos satisfazer
Eis que o firmamento está encurvado
porque no templo corroído
o velho sofrimento será domado
anjos e potestades
serão testemunhas da maior tempestade
relâmpagos a nos alumiar...
À frente do tecido negro
paira o luar
o vampiro e a sua vítima
em lençóis a brincar
sangue veloz
esquecemos os pecados...
Chave e cadeado
os portões do meu mundo estão abertos
te convidam a passar séculos comigo
venha e os vinhos transbordarão
do teu umbigo
teu corpo é a minha taça...
O castelo é tomado por traças
é verdade
mas o frio daquele lugar te abraças
envolta no êxtase
te amo sem piedade
ignoro tuas súplicas...
Os ventos tiram a sua túnica
a Gaia está a nosso favor
venha e dar-te-ei do eterno amor
lhe amarei de forma única
a cada curva um ruído...
Gemidos a ecoar pelo monastério
cabelos negros envolvidos num mistério
par de olhos claros a buscar fôlego
em vão isto se faz
no quarto lôbrego
já estamos possessos...
dos amores profundos
dos excessos
da doce agonia
da nobre perfídia
ao som das canções sombrias
seu corpo coberto por parafinas...
A noite está chegando ao fim
enquanto dormes após uma
aristocrática volúpia
descansas sem culpa alguma
o absinto fez efeito
sobre teu corpo perfeito...
Vejo-a espalhada sobre o leito
em sono profundo
tu estás longe deste mundo
imperfeito
durma meu anjo
a noite tem asas...
Não passas pela luz
já estás convertida
minha amada foi redimida
pronta para os mais singelos amores
a entregar-se a mim
sem temores
Álvaro Usher 
